História hipotética

Posso te contar uma história? Uma história inteiramente hipotética, sem nenhuma ligação com a realidade. Sério mesmo. Ok, vou contar.

  Existe uma garota, e como toda garota ela não é como toda garota. Apesar de acreditar no amor (aquele de verdade), no príncipe encantado que na verdade não chega num volvo, nem num cavalo branco, mas é perfeito para ocupar o seu tempo, seus pensamentos, seus sonhos, seus planos. Apesar de na verdade acreditar também que ele não existe, e que se trata de uma figura idealizada existe a esperança de encontra-lo, e que ele também esteja a sua procura.

 É, ela usa maquiagem, para ir a escola para ir a uma festa. Um lápis preto no olho, às vezes rosa choque. Ela tem uns cinco Jeans resgados e desfiados, uns coturnos desgastados, umas jaquetas cheias de tachas. Mas ai você revira mais um pouco o guarda roupa e acha uma saia de babados florida, uma sapatilha rosinha, laços fofos de cabelo.  

 E ela se pergunta sempre, se alguém se importa de o ipod dela ter Avanged Sevenfold e ter de dividir espaço com Justin Bieber. Se o fato dela assistir ICarly e Hannah Montana a torna mais fútil, e se ela deveria admitir apenas Dr. House e Supernatural. E o que dizer das revistas? Se misturadas tem Capricho, Superinteressante.

 Ela sempre se pergunta... Se é normal ela se questionar tanto. Dela remoer na cabeça se se preocupar com moda e maquiagem a torna menos interessante, uma garota descartável. Mas se dizem que a maneira de se vestir revela seu estilo... O que há na verdade de errado? Sua vontade de sair experimentando todas as roupas da loja, e sair abarrotada de sacolas a torna uma capitalista alienada e mesquinha? Será que é errado ela defender a natureza e se vestir bem?

 Entende? Essa garota é confusa. Por fora parece uma garota cheia de ideias e ideais. Mas por dentro... Tem seus altos e baixos. Seus momentos de alta relevância e de foda-se a vida. Mas há uma coisa com que ela mantem o pensamento sempre o mesmo, um certo garoto. O mesmo frenesi, a mesma reviravolta no estomago, olhos vidrados a cada passa seu, olhos semicerrados a cada aproximação feminina. Mas mesmo no amor há a insegurança, a dúvida. E a maior dela é: Será que eu o mereço? Será que ele me enxerga? Será que teríamos alguma chance?

Será que ele pode me amar?

Ele: Garota boba.

 Por que?

Ele: Tanto trabalho, tantos serás... Para uma única resposta.

 Hum?

Ele: Acredito que histórias hipotéticas são histórias roubadas por garotas bobas e contadas a garotos idiotas. Mas no seu caso, você não é uma boba. Você é uma GRANDE bobona. Tanta saliva desperdiçada atoa, tenho certeza que um beijo seria muito mais prático, muito mais econômico. Muito mais satisfatório, e convincente. E eu adoro o gosto de gloss de morango.

 Qual? O que eu estou usando agora?