Amigas Versus - Capitulo II


- Mad! - Ouvi a voz da minha mãe ecoar pela cozinha até chegar a sala, onde a TV barulhenta ligada não me impedia de dormir, e como eu queria que a voz de minha mãe também não. Mas meus ouvidos não eram imunes aos seus chamados o que em certas circunstâncias, como essa, era totalmente irritante. Gemi em resposta.



- Vá atender a porta! Acho que é pra você. - Consegui abrir os olhos com alguma dificuldade, mas minha visão ainda estava turva e minha boca seca.
 Parecia que eu tinha dormido junto com Ted, meu cachorro, minhas costas doíam e eu parecia ter perdido noção do tempo. Ainda demorei alguns segundos para reformular o que mamãe havia dito e raciocinar direito sobre o significado daquelas palavras. Meu cérebro estava lento, mais do que o comum.
 Me arrastei para fora do sofá, cambaleando por entre o caminho da sala, onde eu havia adormecido assistindo TV,  para a sala de visitas e por fim até o hall de entrada.
 Nem hesitei em abrir a porta, geralmente o guardinha do condomínio só deixava entrar moradores, os entregadores de correspondência, e quem tinha o nome na lista de visitas diárias. E estava exatamente no horário de chegarem às correspondências.
 E para minha habitual falta de sorte Andy, minha colega de trabalho.

- Oi. – Andy, estava parada a minha porta, com seu rosto de boneca, muito bem maquiado, seus cabelos negros e sedosos exatamente no lugar, sua roupa adequada. E, seu namorado! Seu namorado, oh céus. Dylan Turner, o cara, tenho que admitir mais gato da escola. Estava parado na minha porta com sua namorada, me encarando. Me encarando, e a minha situação. Uma recém acordada. Vestida com um moletom GG, surrada e esburacada, rosto totalmente limpo e inchado, e seria covardia citar meu cabelo.

- Oh, meu Deus. – Praticamente gritei, me escondendo atrás da porta. 
- Ah, Madison. – Andy gaguejou do outro lado. 
- Me desculpe. – sussurrei, enfiando minha cara para fora. – Eu esqueci completamente, me esperem na sala? Enquanto eu me troco, tudo bem? 
 Foi o percurso mais longo da minha vida, três metros até a sala, tomando cuidado para não expor nada através da minha camiseta esburacada para o casal da escola. E não só e simplesmente um casal da escola, era O casal da escola. O casal perfeitinho e popular. Não que eu me importasse com aquilo, mas sempre é bom manter uma boa imagem.

  Sai pulando pela escada, de dois em dois degraus, acho que nunca corri tanto. Me joguei no quarto, dando de cara com meu espelho de corpo posicionado verticalmente, da maneira meio inclinada sobre minha penteadeira.
 Encarei minha situação um tanto que chateada, seguida de um muxoxo alto. Meus cabelos estavam completamente armados. 
 Corri até o guarda-roupa e vesti uma calça surrada de lavagem clara, depois me enfiei numa camiseta com estampa do Aerosmith. Passei uma escova no cabelo o prendendo para trás ainda meio desfiado, e passei um gloss rosinha. Agora sim eu estava aceitável. Pelo menos aceitável, não uma Andy. Mas aceitável.



- Oh. – Ouvi as gargalhadas da minha mãe.

 Meu estomago deu um salto, ela não podia fazer isso comigo. Já estava envergonhada demais, como era possível tanto azar para um dia só? 
- Mamãe? – Entrei na sala na defensiva. – O que a senhora está fazendo? 
- Ah, Mad. – mamãe se virou para mim. – Vim oferecer um lanchinho para seus amigos.

- Tudo bem mamãe, eu já ia fazer isso. – Puxei ela pelo braço da poltrona. – Já está na hora da senhora ir, lembra? Tem que buscar o John na escola 
- Ah, é verdade. – Mamãe por fim e para o meu alívio se levantou. – Tchau crianças, e comportem-se. – Mamãe se despediu e pegou sua bolsa. 
- Tchau Sra. Olsen. – Andy e Dylan disseram ao mesmo tempo. – Foi um prazer. 
- Mad, a mamãe só vai chegar mais tarde hoje. Se cuida. 
- Claro, mãe. 
 Ficamos em silêncio por um tempo depois que ouvimos a porta da frente bater e o carro acelerar com uma arrancada.


- Sua mãe é uma graça. – Andy sorriu. 
- Ah, - sussurrei. – Bem, só faltam umas coisinhas para completar...

- O que? – Dylan não esperou eu terminar de falar. O que eu achei uma completa falta de educação levando em conta que ele nem esperou eu terminar de falar, e o trabalho nem era dele. 
- Ahn... - Hesitei por um momento, era incrível como eu me sentia desconfortável na presença dele, sendo que não era eu que morria de amores por ele e sim Alexa. Mas acho que era pelo ponto de vista de Alexa que via ele. – Bem, falta só à parte pessoal, nossa opinião sobre movimento feminista. E como eu dei mais ênfase ao período das décadas de 60 e 70, acho que deveríamos comentar sobre como elas lutaram por causas como a igualdade e fim da discriminação, e como isso afetou de maneira geral a posição das mulheres sobre a sociedade hoje em dia.
 A integração da mulher no mercado de trabalho, e devemos lembrar que todas as conquistas não foram resultado apenas de certas épocas, mas sim de séculos e séculos de opressão e dominância masculina no seio das sociedades. E não podemos deixar de citar que apesar de todas essas conquistas, ainda vivemos em uma sociedade machista que emprega valores preconceituosos sobre o valor e papel da mulher na sociedade.- parei um instante para respirar, a ordenar novamente as ideias.
- O movimento feminista ainda está vivo, lutando para que todo o reflexo gerado por ele também alcance outros países e culturas. Especificamente os países orientais, que mantém suas culturas machistas até hoje, como a Índia. Onde a mulher não é mais nada que dona de casa e severamente submissa ao marido...
 - Oh, tudo bem Madison. – Andy me interrompeu. – Entendi “nossa” opinião sobre o movimento, só não entendi o que falta acrescentar, levando-se em conta toda sua opinião concreta e direta sobre o assunto.
 - Sabe, que o movimento feminista é uma questão muito polemica em certos países, que consideram as mulheres dos países envolvidos sem nenhuma formação ética... – Não esperei Dylan concluir.
- Países tradicionalistas, que não há muito desenvolvimento em relação à questão cultural, Dylan. É exatamente sobre esses países, que falo em relação ao movimento feminista refletir de maneira positiva. 
- Meio complicado, levando em conta que as mulheres aceitam isso, e também são totalmente contra em relação à posição da mulher ocidental. Que cada vez mais ingressam no mercado de trabalho de maneira independente.

- Tudo bem gente. – Andy nos interrompeu. – Acho que devemos juntar todas essas opiniões e formar uma só, afinal vocês não estão bem discutindo, mas sim completando a opinião um do outro. 
- Tudo bem, vamos passar isso para o papel... – Dylan se apressou. 
- Já passei. Só queria ter a certeza de que Andy não tinha mais nada para completar. 
- Ah, bem. Não. – Andy sussurrou. – Na verdade o resto grupo só fez os cartazes, e acho que eles não tem nenhuma opinião produtiva que se deva ser citada. – Andy completou com uma careta.
- Resultado de uma geração alienada pela sociedade capitalista, ou dos filhos dos Fast-food e da banda larga. – comentei. 
- É... – Andy sussurou. Ela parecia estar totalmente deslocada, entre mim e Dylan, e das nossas opiniões formadas sobre o movimento. 
– Bem alguém ai está com fome?  – Perguntei para quebrar o silêncio. E também por que eu já podia ouvir os barulhos estranhos no meu estomago.

2 Não calaram a boca:

Anônimo disse...

Esta realmente muito bom.
continua?

Gostei muito do blog, parabéns.

Raphaele C. disse...

Obrigada!

Claro, o próximo capitulo está em andamento, falta de inspiração bateu aqui. hihi

Obrigada novamente.

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