Auto-destruição necessária


É difícil manchar o branco com palavras que cheguem fazer algum sentido. Atormentador as palavras se fazerem de difíceis quando eu mais preciso que elas se formem. Nem as notas doces de uma música conseguem fazer fluir o que era para ser liquido e se transformou em uma rocha dolorosamente sólida.

Meu espaço livre acabou dando inicio a uma torrente de erros, um sistema em pane. A falha se tornou grosseira e brutal, estragos irreparáveis que abrem sulcos cada vez mais profundos. Cavando incessantemente dentro de mim, tentando alcançar algo a que estou totalmente alheia.

 Há algo dentro de mim me corroendo, algo que eu alimento a cada dia. Que tem se tornado maior que eu, se recusando a ir embora com um simples pedido. Me enfraquecendo, e quando eu já não puder mais lutar irá consumir aquilo que se transformou numa rocha para se livrar da insanidade, meu coração. Que sustenta toda minha essência, ainda intocada.

 E em todos esses anos, com aquela crosta espessa se formando em á minha volta eu já deveria saber, que tempos ruins viriam. Onde palavras doces representavam punhaladas, e as amargas queriam apenas me dar alguma amostra de realidade.

 Eu não tenho antidoto para combater aquilo que se alastra, e que me corrói. Eu deixei a mercê, e me tranquei sem me prevenir contra mim mesma. Não posso romper minhas próprias barreiras, minha casca se mantem intacta. Como se tudo ocorresse muito bem, ninguém vê, ninguém repara. E tudo desaba quando me percebo sozinha.

A distancia a ser vencida para que o controle sobre mim seja retomado é a de um abismo. Não posso oferecer um ataque justo para minha face intocada, seria muito doloroso, demorado, cansativo... É claustrofóbico e apavorante estar presa dentro de si mesma. Como um quarto escuro que recebe lampejos do que haveria para enxergar de bom lá fora.

E chega a hora em que tenho que deixar de lado o medo, e tomar coragem para destruir a mim mesma. Como uma implosão. Destruindo tudo que há em mim, varrendo pensamentos ruins, lembranças que doem, sentimentos esmagadores, experiências má sucedidas, lágrimas que nunca chegaram a rolar, palavras impedidas na garganta. Algumas coisas boas irão. Mas o meu melhor está a salvo.

É chegada a hora.

 E tudo foi aos ares. Com uma chuva de fogos vibrantes seguido de uma poeira dispersa de negatividade. Eu estava livre, a crosta envolvendo meu coração fora amolecida e o que havia melhor em mim corria pelas veias. O lápis deslizou pela folha branca, poemas foram escritos, músicas compostas.

Eu estava bem novamente.

 Ás vezes aquela proteção sólida e impenetrável que você alimenta em volta de si, bloqueando coisas boas de irem e chegarem, se trate apenas de uma proteção. Basta você torna-la algo bom ou ruim para si mesma.

 *Texto produzido originalmente para o blog Querida Ramone


2 Não calaram a boca:

Gleice Ribeiro. disse...

Uau, que texto forte! Gostei. Adoro o jeito como você escreve! Um beijo :3

Karina disse...

'Como se tudo ocorresse muito bem, ninguém vê, ninguém repara. E tudo desaba quando me percebo sozinha.'

Eu simplesmente amei esse texto e me identifiquei com partes como essa frase aí em cima. (:

Parabéns Rapha *-*

Bjs <3

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